sábado, 9 de maio de 2015

Eliphas Levi, o Grande Mestre da Magia

Alphonse-Louis Constant, conhecido como Eliphas Levi, um nome misterioso da Magia. Quem foi este mago e escritor, que influenciou gerações que se interessaram por temas como Alquimia, Cabala, Magia, Teurgia, Goécia, Angelologia, Numerologia, Invocações e outros tantos temas?



Eliphas Levi nasceu em Paris, capital da França, no dia 8 de fevereiro de 1810. Filho de um humilde sapateiro, desde cedo mostrou-se dotado de inteligência fora do normal, e por isso seu pai, querendo que ele tivesse uma vida melhor que a família, decidiu enviá-lo à igreja de Saint Sulpice para que recebesse uma educação primorosa.

Assim, decidiu consagrar-se à vida religiosa e se consagrou sacerdote da Igreja Católica. Diz-se que anos mais tarde foi expulso por pesquisar e defender ideias heréticas e por não poder cumprir com seu voto de castidade.

Em algum momento conheceu a um casal de místicos de sobrenome Ganneau e que fez sua cabeça em relação a uma nova visão de Deus, do Universo, da Natureza e do próprio destino do ser humano. Esse senhor Ganneau aclamava ser a reencarnação de Luís XVII e também se declarava profeta.

Sua esposa se dizia ser a reencarnação de Maria Antonieta. Dessa maneira, Eliphas Levi se converteu em um dos seguidores dos Ganneau com o que recebeu suas primeiras lições.

Em 1852 conheceu J. M. H. Wronski, que o orientou sobre temas superiores, tais como o Ocultismo, a Alquimia e a Cabala. Em 1854, relacionou-se com o novelista inglês Edward Bulwer-Lytton (autor de Zanoni, Rienzi, Os Últimos Dias de Pompeia e Vril, O Poder da Raça Futura) e com o doutor Ashburner, que pertenciam à Hermetic Brotherhood of Luxor, realizando com eles experimentos teúrgicos.

Levi foi iniciado na Maçonaria no dia 14 de março de 1861 na Loja Rosa do Perfeito Silêncio, do Grande Oriente da França. Consta nos registros maçônicos que Levi ascende ao terceiro grau de Mestre em 28 de agosto de 1861. Antes de sua Iniciação maçônica, havia publicado duas importantes obras: Dogma e Ritual de Alta Magia (1854) e História da Magia (1860). Em 1873, fez-se membro da Sociedade Rosacruciana in Anglia (SRIA).

Nesse período, o dr. Woodman era o secretário da ordem, e cinco anos mais tarde seria elevado ao cargo de Mago Supremo. Woodman fundaria uma nova ordem, mais tarde chamada A Orden do Amanhecer Dourado, onde incorporaria as crenças de Eliphas Levi. Woodman introduziria uma série de ensinamentos muito importantes que dariam forma ao Ocultimos moderno.

De fato, considera-se Eliphas Levi como o autêntico “pai do ocultismo moderno”, que influenciaria, de uma forma a outra, inúmeros Adeptos, de gnósticos a maçons e rosa-cruzes, tanto europeus quanto americanos.

A Magia que Precedeu Eliphas Levi

Em 1460, Marcelo Ficcino traduziria o Corpus Hermeticum, um corpo de textos greco-egípcios ricos em ensinamentos esotéricas,  como a reencarnação, os Eons, ou Esferas, os sete corpos e a imortalidade da Alma, ou Inteligência Superior. Os conceitos-chave ensinados hoje nas distintas escolas esotéricas são derivações dos ensinamentos contidos nesse Corpus.

Mais tarde um jovem estudioso de Cabala, Picco della Mirandola (1463-1494), tomaria a cabala hebraica e a fusionaria com os ensinamentos do Corpus. E Giordano Bruno desenvolveria a técnica de usar imagens mnemotécnicas como portas para outros mundos ou estados de consciência.

Sem embargo, todos esses progressos foram embargados pela Santa Inquisição e a queima de bruxas, e mais tarde pela Reforma protestante. Como resultado se formaram Sociedades Ocultas com o propósito de transmitir os ensinamentos de maneira muito secreta, instituíram-se palavras de passe e sinais de reconhecimento.

Sem embargo, para o ano de 1850 a França teria levantado a lei que proibia escrever sobre a Magia, e foi aí que Eliphas Levi fez sua entrada triunfal. Levi começa explicando que existe dentro de todas as religiões de todo o mundo uma tradição esotérica, uma Gnose Interior ocultada sob um véu de simbolismos, que é universal.

Além dessa Gnose, como elementos protetores dessa sabedoria perenne et universalis, existe uma fraternidade universal de Iniciados na doutrina esotérica. O Esoterismo é, portanto, uma verdade que se encontra em todas as religiões e que Levi explica a todas, entregando uma espécie de “Chave” em seus livros.

Esse conceito, então revolucionário, de que o Esoterismo é a fonte de todas as religiões, é introduzido por Levi e logo copiado por outros proeminentes Mestres, tais como Madame Blavatsky, uma das fundadoras da Sociedade Teosófica.

Ademais, Levi utiliza pela primeira vez as palavras “ocultismo” e “ocultista” para definir esse ensinamento universal.

Levi também insiste em considerar o Tarô como um Livro Sagrado, capaz de explicar todos os mistérios, tanto científicos quanto místicos, um resumo da doutrina universal.
É a primeira pessoa que traça um paralelismo entre os 22 Arcanos Maiores do Tarô com as 22 letras do alfabeto hebraico.



O Pentagrama Esotérico de Eliphas Levi

Levi também foi o primeiro a estabelecer uma diferença entre o Pentagrama com a ponta para cima e o pentagrama com a ponta para baixo, o qual considera estar ao contrário, e pela primeira vez o associa com o demônio, desenhando a cabeça de um bode dentro deste, de maneira que os corpos são as duas pontas do Pentagrama Esotérico.

O pentagrama em seu estado natural representaria a um homem com os pés e mãos abertos, a cabeça para cima, dominando sobre os órgãos inferiores, ou seja, a mente governando as paixões.

Os conceitos de corpo astral e o mundo astral tal e como se compreende hoje em dia é original de Levi, o termo astral para designar essa força e mundo é também seu, ainda que o Mestre Levi tenha baseado parte de seus Mistérios nos ensinamentos de grandes cabalistas, tais como Cornélio Agripa, Abade Tritemo e também o Corpus Hermeticum per se.

Eliphas Levi reconhece que foi influenciado pelo livro chamado O Mago, de Francis Barret. Por sua vez, esta obra é praticamente uma compilação (alguns afirmam que foi um plágio) da obra de Agripa, Filosofia Oculta.

Em seu livro História da Magia, Eliphas explica como as pessoas da Índia são os descendentes de Caim e agrega que esses possuem a Cabala de uma maneira corrupta, e critica fortemente os conceitos da religião védica como perniciosos e imorais.
Isso causa uma enorme polêmica com Helena Petrovna Blavatsky, a mãe do ocultismo moderno, onde se vê uma batalha filosófica entre ambos, pois os escritos de Blavatsky são eminentemente orientalistas.


 

Helena Blavatsky e Levi

HPB toma o conceito do esoterismo como verdade universal e também faz uso do conceito da Luz Astral e do corpo astral. Sem embargo, Blavatsky critica a Cabala e agrega que os cabalistas modernos perderam há muito a chave para interpretar a Bíblia e que a verdadeira sabedoria esotérica não só se ensina em segredo nos monastérios da Índia senão também é precisamente desde a Índia que esse conhecimento se espargiu para o resto do mundo, passando da Índia para o Egito, de Egito para a Grécia, e da Grécia para o resto do mundo.

Blavatsky seria muito mais divulgada do que Levi, não só no que diz respeito à natureza da Luz Astral, mas também revelaria a existência de outros planos, ou dimensões, explicando com grande luxo de detalhes.

Penosamente, Blavatsky e seus seguidores deixam de lado a Cabala e a Magia Cerimonial por considerá-las muito perigosas.

Eliphas Levi morre em 31 de maio de 1875, dando o chute inicial daquilo que se convencionou chamar-se Esoterismo Moderno Ocidental, influenciando luminares, como Jorge Adoum, Blavatsky, Crowley, Papus e Samael Aun Weor.


 



 

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