Para entendermos os principais fundamentos da Grande Obra Alquímica difundida massivamente na Europa Medieval, e suas influências sobre inúmeros magos e cabalistas, como Blavatsky, Eliphas Levi e Samael Aun Weor, é mister estudar um pouco sobre a vida e obra do grande Abade Tritemo.
O abade Johannes von Heidenberg, chamado Abade Tritemo, nasceu no dia 2 de fevereiro de 1462 em Tritthenheim.
Estudou em Tréveris e ingressou na célebre Universidad
de Heidelberg.
Fundou uma sociedade secreta para estudar astrologia, magia dos números, as línguas e a matemática. A sociedade adotaria o
nome secreto de SODALITIS CELTICA” (Confraria Céltica).
Em 2 de fevereiro de 1482, dia do seu 20º aniversário, entrou no tema da religião, com os beneditinos do monastério de São Martinho de
Sponheim. No mês seguinte professou-se como noviço e um ano depois foi eleito
abade do monastério de Sponheim.
Chegou a se interessar pela ALQUIMIA e a MAGIA. Tritemo
reuniu no monastério de São Martinho a biblioteca mais rica da Alemanha,
composta essencialmente de manuscritos.
Enquanto realizava sua obra de erudito e de historiador,
continuava com suas investigações. A linguística, as matemáticas, a cabala
e a parapsicologia se mesclavam profundamente em seus trabalhos.
A obra em oito volumes que reunia o resultado de seus
estudos e que continua, por consequência, os segredos de seu poder incrível, se
intitulava ESTEGANOGRAFIA. O manuscrito original, que continha a chave de
poderes extraordinários, foi destruído por ordem do conde
Palatino Felipe II.
O próprio abade fala em uma carta de dita obra nos
seguintes termos:
“O primeiro livro contém mais de cem formas de escrever
tudo o que se queira, e isso em qualquer língua conhecida, sem que se possa suspeitar
sobre o conteúdo, sem metáteses ou transposição de letras, e sem nenhum temor de
que o segredo possa ser conhecido por ninguém mais do que aquele ao que
cabalisticamente eu tivesse ensinado esta ciência o aquele ao que meu binário a
tivesse transmitido cabalisticamente do mesmo modo”.
Continua Tritemo falando de sua obra:
“No segundo livro falarei de certos meios graças aos quais posso, de maneira segura, impor minha vontade a qualquer um que capte o
sentido de minha ciência, por distante que esteja, inclusive a mais de 100 léguas de mim,
e isso sem que possa suspeitar que empreguei, signos, figuras ou caracteres
quaisquer; e se me sirvo de um mensageiro e este for capturado, nem sequer a
violência poderá obrigá-lo a revelar meu segredo, pois não terá conhecimento
algum dele...
O terceiro livro permite a todo homem ignorante que não
conheça mais do que sua língua, em duas horas entender a língua latina e escrever de
uma forma elegante...
Todas essas coisas são naturais, sem arte mágica, ou seja, sem a invocação de espíritos...”
Outras de suas obras, A Poligrafia, trata exclusivamente
das escrituras secretas.
Em 1515, publicou uma teoria cíclica da história da
humanidade que nos recorda a tradição hindu. O livro se intitula: “Das sete
causas segundas, ou seja, das inteligências, ou espíritos do mundo depois
de Deus, ou cronologia mística, encerrando maravilhosos segredos dignos de
interesse”.
Tritemo predisse em seu livro, fixando a data exata,
1917, a Declaração Balfour, relativa à criação de um Estado Judeu em
Israel, e que essa predição se realizou 400 anos antes que se produzisse tal
acontecimento.
A partir do descobrimento de sua obra, Tritemo começa
a ser acusado de “pacto com o diablo”, o que conduz a que o privem de sua
abadia, morrendo exilado em 1516 no monastério de São Jaime de Wurzburg.
Com respeito ao Abade Tritemo, o VM Samael Aun Weor nos diz em
sua obra:
Conta a lenda dos séculos que Tritemo, o Mago Abade, era um sábio, que em 1483 governara o famoso monastério de Sponheim,
conhecia a fundo a esotérica ciência dos Elementos.
Diz-se que invocou o espectro de Maria de Borgonha ante o imperador Maximiliano, que lhe havia suplicado, e é claro que a augusta
sombra aconselhou ao imperador um novo modo de conduzir-se e lhe revelou certos
fatos, ordenando-lhe que se casasse com Branca Sforza.
O abade Tritemo se considerava discípulo de Alberto
Magno; jamais negou que o mais santo dos santos praticara a magia.
Alberto Magno, como Santo Tomás, afirmou a realidade da Alquimia. Seu tratado sobre tal matéria estava sempre sobre a mesa do
abade.
Tritemo contava que quando Guilherme II, conde da
Holanda, ceou com o ínclito e preclaro sábio Alberto Magno, em Colônia,
este fez pôr uma mesa no jardim do monastério, mesmo sendo inverno e nevando.
Prontamente tomando os convivas seus assentos, como
por encanto a neve desapareceu e o jardim se cobriu de variadas flores. As
aves de distintas cores voavam deliciosamente entre as árvores, como nos
melhores dias de verão.
O monges alunos do misterioso Abade anelavam poder
realizar semelhantes prodígios, e Tritemo se apressava a dizer que o mestre
conseguia essas maravilhas mediante a Magia Elemental, e que nisso não havia
nada demoníaco nem, em consequência, perverso, condenável, execrável.
É ostensível que FAUSTO, PARACELSO e AGRIPA, os três
magos mais distintos da Idade Média, foram discípulos do Abade Tritemo.
“Recitem-me os quatro elementos da Natureza”,
ordenava o abade a seus monges em plena aula”.
“A terra, a água, o ar e o fogo.”
“Se, continuava o Mestre, a terra e a água, os mais
pesados, se veem atraídos para baixo, o ar e o fogo, mais ligeiros, para o alto... Platão tinha razão ao fundir o fogo no ar, que se converte em
chuva, que se converte em rocio, logo em água que se converte em terra ao
solidificar-se...”
Vejamos sobre os três discípulos de Tritemo:
"PARACELSO, segundo própria manifestação, havia lido as
obras manuscritas do Abate Tritemo, que figuravam na valiosa biblioteca de
seu pai, e tanto lhe seduziram que decidiu trasladar-se a Wurzburg, lugar onde
permanecia o sábio abade em comunhão com seus discípulos.
Tritemo, ou Tritemius, se chamava assim em virtude do lugar
de seu nascimento: Treitenheim, perto de Tréves. Em Isog foi trasladado ao
convento de São Jaime, perto de Würzburg, onde morreu em dezembro de 1516.
Afirmava que as forças secretas da Natureza
estavam confiadas a seres espirituais.
Abundavam seus discípulos e, aos que estimava dignos,
lhes admitia em seu laboratório, onde se manipulava toda clase de experimentos
alquímicos e mágicos.
Paracelso empreendeu sua grande viagem a Würzburg. Quando se
instalou em dita cidade, o Abade Tritemo era considerado pelas pessoas ignorantes como um bruxo perigoso. Havia penetrado certos Mistérios da Natureza e do mundo espiritual; acertou em dar com alguns fenômenos raros,
que hoje chamamos magnetismo e telepatia.
Em certos experimentos psíquicos conseguiu êxitos
surpreendentes; ele, quiçá, foi o primeiro que nos falou da transmissão
do pensamento a distância. A ele se devem os primeiros ensaios da
criptografia ou escrita secreta. Era também um grande conhecedor da cabala,
por meio da qual havia dado profundas interpretações das passagens
proféticas e místicas da Biblia. Por isso colocava as Santas Escrituras por cima de todos os estudos; seus alunos deviam dedicar-lhes toda a sua atenção e
todo o seu amor.
Nisso, Paracelso sentiu-se influenciado por todo o resto
de sua vida, já que o estudo da Bíblia foi posteriormente uma das tarefas
que lhe ocuparam mais intensamente.
Em seus escritos achamos o testemunho de seu conhecimento
perfeito da linguagem e do profundo significado esotérico do grande livro.
Estudou as ciências ocultas com o Abade Tritemo,
chegando a conhecer as forças do mundo visível e invisível.
Johann Faust, famoso mago. O mestre Samael nos diz:
O enigmático e poderoso Doutor Fausto, venerabilíssimo mestre, ínclito tahar, vivia agradável e confortavelmente como pessoa
muito acomodada. Concedia aos animais um papel oculto e gostava de se rodear deles, porque os associava a seus prodígios.
Por aqueles tempos - 1586 - de rança nobreza, de
variados títulos notabilíssimos e sangue azul, Fausto, na corte de Praga,
realizava extraordinários prodígios.
O Doutor Fausto, no dizer da crônica de Erfurt, deixou
certamente uma viva recordação. Ainda existe a famosa casa “A Âncora”, assim
como uma ruela que leva o nome do mencionado sábio.
*Com respeito a Heinrich Cornelius AGRIPPA, o mestre
Samael nos diz:
Obras de Alquimia e Cabala, Clique AQUI
Algumas de suas obras:
MAIS INFORMAÇÕES SOBRE TRITEMO
Johannes Von Heidelberg estudou em Trèves e depois em Heidelberg, fundando entre os 18 e
19 anos, uma associação denominada Sociedade Literária Renana, de
caráter humanista.
A base deste grupo era formada por três amigos: Jean
de Dalberg, pessoa considerada no mundo universitário e político da
época, que passou a usar o nome de Jean Camerarius, Rodolphe Huesmann,
conhecido por Agricola e Jean de Heidelberg, que a partir dessa época
passou a intitular-se Trithemius, a mais simples explicação da derivação
deste nome seria o nome da sua aldeia natal, Tritthenheim.
A Sociedade Literária Renana se preocupava muito com a filosofia
Pitagórica e a mística dos números, talvez possa-se atribuir a
Trithemius um sentido mais cabalístico ligado ao número três: três
amigos, dos quais ele era o terceiro, que procuravam fazer a síntese das
três culturas: cristã, grega e hebraica.
Posteriormente, a Sociedade Renana passou a designar-se por:
Confraria Céltica, e que parece reforçar o seu aspecto esotérico.
Nessa
altura contava entre seus membros, grandes professores, como: Jacques
Wimpfeling, um dos grandes eruditos da Renascença, tendo dedicado
praticamente toda a sua vida ao estudo dos textos gregos, tinha como
pseudônimo o nome "Olearius", outro foi Conrad Meissel, um hermetista de
grande valor, tinha o pseudônimo de "Celtes Protucius (o primeiro dos
Celtas) e sobretudo, Paul Ricci, um judeu convertido que difundiu entre
seus amigos os ensinamentos da Cabala.
Porém, no início de 1482, Trithemius opta, graças ao "acaso", por
outra via que o levará ao segundo período de sua existência e o
transformará no célebre padre do mosteiro de Spanheim.
O jovem, sente um desejo repentino de visitar a mãe e o irmão em
Tritthenheim, Jean de Dalberg encoraja-o a empreender a viagem, mas
prediz-lhe que ele encontrará durante ela a chave de uma nova vida.
Em 25 de janeiro de 1482, Trithemius pára, para descansar no
caminho, no mosteiro beneditino de Saint Martin, em Spanheim, recupera
as forças e parte de novo, mas o inverno, e a neve caindo
abundantemente, obrigaram-no a voltar ao mosteiro; não imaginava que
ficaria lá durante 23 anos.
No dia 2 de fevereiro de 1482, ao completar 20 anos, inspirado
pela graça divina, Trithemius conhece a iluminação, a sua fé imensa
conseguiu convencer os que o rodeavam.
A 21 de março era noviço, a 21 de novembro, professa, no ano
seguinte, a 21 de julho de 1483, o monge Trithemius é eleito abade do
mosteiro, sendo confirmado pelo bispo; supõe-se que seu êxito e também a
aprovação do bispo não são devidas somente às qualidades do jovem
profeta mas também pelo possível apoio de Jean de Dalberg, assim aos 21
anos encontra-se à frente de uma casa de Deus, tendo então descoberto o
seu caminho.
No mosteiro, Trithemius não só revelou-se como um grande crente,
mas também como um condutor de homens, logo que assume o posto de
chefia, empreende uma limpeza da qual a casa necessitava, mandou
consertar os prédios avariados, reconstrói, traça planos; o mosteiro
recebe um sopro de vida, graças a ele.
Realiza também uma obra no campo espiritual, luta contra a
inércia, contra a atonia mental provocada pela ausência de diretivas.
A
ordem dos Beneditinos fora reformada em 1425 por Jean de Minden, abade
de Burafele, mas em Spanheim continuava à moda antiga. Daí em diante,
pela direção enérgica e esforçada, Trithemius é reconhecido e encorajado
pelos seus superiores, obtém doações que lhe permitem novos
empreendimentos, que ajudam a resolver problemas pendentes, pagou
dívidas, recuperou bens que estavam perdidos ou empenhados; enfim pôs os
assuntos temporais em ordem.
Ao mesmo tempo, com o objetivo de conseguir fontes de receita e
mais ainda, para tirar os monges da ociosidade e orientar seus
pensamentos para a pesquisa e reflexão, decidiu aumentar a biblioteca do
mosteiro que era bastante pobre: 48 manuscritos e alguns livros
impressos, estes últimos não tinham interesse.
Por julgar que as produções em papel simples não poderiam durar
"mais de duzentos anos", ele obrigou os monges a recopiarem admiráveis
manuscritos para pergaminho, utilizando tintas policromas, foram feitas
obras-primas; a biblioteca passa a conter 2000 manuscritos, desloca-se
pessoas de todos os países germânicos para a consultar, Spanheim
torna-se numa cidade do livro.
O próprio Trithemius se dedica à escrita: Dois Livros de Sermões e
Exortações em 1486, um Elogio dos Irmãos da Ordem dos Carmos em 1492,
uma obra sobre os Escritores Eclesiásticos em 1494, outras ainda sobre
teologia, sobre Santa Ana, sobre os milagres da Virgem e outras que
serão logo citadas.
Trithemius investigou manuscritos herméticos, adquiriu
experiência em magia, cabala, alquimia, estudou o significado oculto das
palavras; muitos dos seus trabalhos são em linguagem simbólica,
entendida unicamente pelos iniciados, foi o primeiro autor importante
sobre criptografia.
Spanheim ficou famosa, o abade tinha contato direto ou por
escrito com numerosos sábios ou teólogos da época; foi mestre de
Agrippa, amigo de Paracelso, posteriormente outros inspiraram-se em suas
obras.
Em 1498, Arnould Bostius, frade da Ordem do Carmo, queria saber
dos seus projetos, e em que estudos se ocupava e curiosamente Trithemius
resolveu responder por escrito, em carta extremamente pormenorizada, em
1499, e que por acidente iria tornar-se pública, quando chegou ao seu
superior, o prior do mosteiro de Grand, que não acreditou no que lia.
Esta carta, Trithemius a transcreveu na sua Poligrafia, ele mesmo
conta o que se passa em seguida: outros monges leram a carta, alguns
recopiaram-na, ao fim de pouco tempo ela era tornada pública não só na
Alemanha como na França e Itália. Algumas pessoas pensaram tratar-se de
mentiras, outros de fantasia destinada a obter um êxito fácil, alguns
consideraram a carta, obra do diabo.
Trithemius sentiu-se profundamente atingido, o caso assumia
proporções inquietantes que colocavam em risco a sua carreira. Até os
monges de Spanheim começavam a murmurar contra ele, apesar de tudo a
eleição de Trithemius para abade aos 21 anos não devia ter agradado a
toda gente, haveria quem se sentisse frustrado nas suas ambições e agora
havia oportunidade para vingança.
A carta de Trithemius explicava em que consistia a obra em que
trabalhava, cujo título era: "Stenografia", se tratava de uma invenção
importante. Dizia ela: "Tenho em mãos e possuo uma grande obra,
admirável, a qual, uma vez terminada, conhecida e publicada (o que
espero venha a suceder), será considerada por todos, mais do que
admirável e uma autêntica maravilha. Intitulei-a: "Stenografia"... e
dividi-a em 4 livros, o mais pequeno deles terá mais de 100 capítulos".
"Posso garantir-vos que esta obra, onde falo de grande número de
segredos e mistérios pouco conhecidos, a todos parecerá, mesmo aos
ignorantes, conter coisas sobre-humanas, espantosas e incríveis, uma vez
que ninguém escreveu ou falou sobre elas antes de mim".
"O primeiro livro mostra mais de 100 maneiras de escrever
secretamente e sem provocar qualquer suspeita aquilo que se desejar, em
qualquer língua, sem que se consiga adivinhar o conteúdo, e isto sem o
recurso a metáteses ou a transposições de letras e também sem qualquer
receio ou dúvida de que o segredo possa ser conhecido por alguém
estranho aquele a quem cabalisticamente eu tenha ensinado esta ciência
ou a alguém a quem o meu binário o tenha, também cabalisticamente,
transmitido; uma vez que todas as palavras e termos empregados são
simples e familiares, mesmo assim, ninguém, por mais experimentado que
seja, poderá descobrir por si só o sagrado, o que a todos parecerá uma
coisa admirável e que os ignorantes considerarão uma impossibilidade".
"No segundo livro tratarei de coisas ainda mais maravilhosas
relacionadas com certos meios, graças aos quais consigo, de uma forma
segura, impor a minha vontade a quem captar o sentido da minha ciência, e
isto sem que me possam acusar de ter usado quais quer sinais, figuras
ou caracteres, e se me servir de um mensageiro escolhido ao acaso, não
há súplica ou ameaça, promessa ou violência, que possa obrigá-lo a
revelar o meu segredo, pois ele o desconhecê-le-á, eis porque ninguém
por mais hábil que seja, conseguirá descobrir esse segredo.
E realizo
facilmente todas essas coisas, quando me aprouver, sem a ajuda de
ninguém, nem de mensageiros, mesmo com um prisioneiro encarcerado num
lugar remoto, vigiado por guardas atentos. Sou capaz de provar o que
afirmo, não me sirvo de espíritos nem de magia, apenas de um processo
simples e natural".
"O terceiro livro permite a todos os homens ignorantes que apenas
conhecem a sua língua materna, entender em duas horas a língua latina e
escrever de forma elegante, de tal maneira que os que o lerem
compreenderão o seu discurso e só poderão dirigir-lhe louvores".
"No quarto livro posso provar que a minha ciência é compreensível
a todos os que eu ensinar e servir-me dela em qualquer momento do dia,
por muito longe de mim que esteja o meu cabalístico (aquele que no seu
segredo, recebe a mensagem)".
"Falo ainda de um grande número de segredos que não posso revelar
agora. Ora eu não duvido que muitas pessoas que leram mas não
compreenderam o que escrevi, consideram estas coisas admiráveis mas
impossíveis, tal como sucedeu com certos sábios diante dos quais fiz
algumas experiências fáceis e que não se deixaram convencer por elas".
"Para resumir, afirmo em consciência e perante Deus, que tudo
sabe e vê, que as coisas admiráveis que menciono e descrevo são
incomparavelmente mais importantes e profundas do que posso dizer e do
que vós sois capazes de compreender".
"Todas estas coisas são naturais, isentas de artimanhas, de
idéias supersticiosas, de artes mágicas, isto é, de invocação de
espíritos, afirmo-o nesta carta a fim de que se a mostrares ou a deres a
ler aos vossos amigos, nenhum deles pense que eu sou mago, como sucedeu
com Alberto o Grande, que, apesar de grande filósofo e profundo
investigador dos segredos da Natureza, foi no entanto considerado mago
porque os seus conhecimentos, adquiridos graças a um trabalho assíduo, a
grandes estudos e aplicação, ultrapassavam a inteligência dos seus
contemporâneos".
Trithemius, em sua carta, tem consciência de que as suas descobertas serão atribuídas à magia.
Outra infelicidade espreitava Trithemius, ao que parece, ele
nunca renunciou de provar a sua boa-fé, nessa época, em 1504, um
visitante francês: Charles de Bouelles, um viajante erudito, como havia
muitos no século XVI, parou no mosteiro para ver Trithemius, com quem a
muito se correspondia.
Trithemius escreve: "Charles de Bouelles veio pedir-me o favor de
o receber como hóspede antes de seu regresso à França, na ocasião,
mostrei-lhe minha obra sobre a "Stenografia", que ainda não estava
terminada, e ele admirou-a, louvou-a até, embora não tivesse
compreendido o seu significado, pois não possuía nem a inteligência nem a
chave e não era merecedor de ouvir nem de receber o nosso ensinamento"
l.: Poligrafia: Epístola a Maximiliano.
Trithemius não se enganara no juízo que fizera, tinha talvez um
pressentimento que infelizmente concretizou-se, Charles de Bouelles não
compreendeu sua obra, pouco depois escreveu a Germain de Ganay, bispo de
Cahors e depois de Orléans, nos seguintes termos: "Folheei a obra de
Trithemius, considero-o não só um mágico como também um ignorante
completo em matéria de filosofia.
Na sequência da sua carta, ele afirma claramente que Trithemius tinha um acordo feito e contraído com os maus espíritos.
Depois do prior de And, esta segunda peritagem, baseada em apenas
fragmentos, de Charles de Bouelles, que classificava a obra de estranha
e inexplicável, com misturas de diabolismo, desta vez, Trithemius
estava perdido, a partir daí, até o fim de sua vida protesta e jura
inocência sem que obtenha crédito, a "Stenografia" nunca será publicada
na íntegra.
Escrevia Trithemius: "Afirmo peremptoriamente, que digo a
verdade e que nunca tive ligações com os demônios e outras entidades
malfazejas, uma vez que nunca pratiquei as artes mágicas, nem a dos
necromantes, antes pelo contrário, aquilo que escrevi ou que me propus
escrever era puro, são, natural e sem contradição com a fé do Cristo,
que a "Stenografia" espere a sua hora mergulhada nas trevas, embora nada
tenha a ver com as alegações mentirosas de De Bouelles, que costuma
fazer juízos acerca de coisas que não conhece e sujar o nome de homens
justos e bons.
Além de tudo, a revolta dos monges no mosteiro assumira aspectos
dramáticos, e em 1505 Trithemius demitiu-se de suas funções, mas graças
às altas proteções de que gozava, foi eleito no ano seguinte, a 3 de
outubro de 1506, prior do mosteiro de Saint-Jacques de Wurzburg. O lugar
era invejável, mas Trithemius perdera sua bela biblioteca e a casa onde
trabalhava durante tantos anos com amor e dedicação. Isso causou-lhe um
profundo desgosto em seus últimos anos, podemos dizer que esse terceiro
período da sua vida foi quase que inteiramente dedicado a apagar o
efeito produzido pela sua famosa carta à Bostius.
Nos seus inúmeros protestos há um tom de sinceridade que
impressiona, nem em intenções esse homem seria capaz de trair a sua fé
pelo prazer de escrever um livro, que ele fosse adversário das ciências
secretas, como afirmava, é menos certo; datam da época em que Trithemius
sentiu necessidade de proclamar a sua perfeita ortodoxia. Ele levou as
suas pesquisas para além da simples e clássica teologia.
Em uma carta de 15 de maio de 1503, escreveu "Nada fiz de muito
extraordinário e, no entanto, espalhou-se o boato de que eu sou mágico.
Li a maior parte dos livros dos magos, não para os imitar, mas com o
objetivo de, um dia, refutar as suas superstições maldosas".
Ele era contra os astrólogos e alquimistas da época, porque ele
acreditava numa astrologia cabalística a qual considerava legítima,
tanto que escreveu o "Tratado das Sete Causas Segundas", que era a
construção de um sistema da história do mundo por ciclos.
Este tratado foi traduzido em francês, 1897 com o nome: "Traité
das Causas Secondes". Também chegou a profetizar, anunciando
acontecimentos que ocorreriam na época que ele designa por "décimo nono
período", pouco depois de sua morte, originando o estabelecimento de uma
nova religião(o protestantismo de Lutero).
Ele pretendia substituir a magia negra, a goécia, por uma magia
natural, com base na verdadeira Cabala, numa alquimia espiritual, numa
ciência simultaneamente secreta e cristã, tudo orientado para o
conhecimento do Absoluto. Ele deixou um texto alquímico intitulado: "A
Pedra Filosofal", em uma carta de 25 de novembro de 1506, faz um elogio à
alta magia, a magia divina. Conhecia vários aspectos da Cabala, não
daquela que foi posteriormente adulterada e desviada do seu objetivo,
mas da ciência autêntica dos rabinos empenhados em descobrir os segredos
de Deus e da Criação.
Algumas de suas obras:
"Antipalus Maleficorum", 1508, obra contra a magia negra, publicada como: o Adversário dos Malefícios, em ingoltadt, em 1555.
"Tratados Históricos e Teológicos" - Poligrafia, entre 1505 a 1508 e publicada dois anos após sua morte, em 1518.
"Liber Olto Questionum" -1508
"Steganografia nen con Claviculae Salomonis", publicado em Lyon, em 1551 e Frankfurt em 1606.
"Curiosidades Reais", em 1511, eram respostas às perguntas do Imperador sobre assuntos religiosos.
Vários anos depois de sua morte surge uma obra intitulada "Stenografia", Frankfurt, 1608, que provavelmente não é original.
O manuscrito original, diz-se que foi queimado pelo conde
palatino Frederico II, filho de eleitor Philippe, que o encontrou na
biblioteca do pai e julgou prudente destruí-lo, receando pela salvação
da sua alma...
Inúmeras cópias da "Stenografia" circularam após a morte de
Trithemius, todas diferentes entre si, a maldição continuava a
persegui-la, a versão impressa em três livros, em 1606, e que nada
contém de diabólico, foi posta no Index pela Congregação do Santo
Ofício, essa condenação absolutamente incompreensível manteve-se até à
edição de 1930.
Nunca saberemos em que consistia esse meio de enviar uma mensagem
"a mais de cem léguas de distância" e "para o lugar mais profundo que
se possa imaginar", Trithemius não nos deixou indicações suficientes
para a interpretação de sua obra, ele utilizou, como em outros textos,
um pouco de astrologia, um pouco de alquimia, um pouco de Cabala, enfim,
ciências orientadas para o Bem e que ele considerava incluírem-se
perfeitamente na doutrina Cristã. Também não há dúvidas de que
Trithemius estudou a criptografia para servir-se dela, para enviar ele
próprio uma mensagem.
Seus trabalhos mágicos tratavam de ocultar os mistérios, a sua
obra: "Verterum sophorum sigiela et imagines magiose", é uma história da
magia toda em pantáculos, quanto a sua doutrina, ele a exprimiu por um
pantáculo, segundo o uso dos verdadeiros Adeptos, este pantáculo, raro
acha-se apenas em alguns exemplares manuscritos do tratado das Causas
Segundas.
Segundo Eliphas Levi,
Trithemius foi o maior mago dogmático, da Idade Média, na sua
"Stenografia" e em sua "Poligrafia", ele dá a chave de todas as
escrituras ocultas e explica em termos velados, a ciência real dos
encantamentos e das evocações; em magia foi o mestre dos mestres e
também o mais sábio dos Adeptos.
Trithemius passou os últimos dez anos de sua vida em Wurzburg,
até a sua pedra tumular, cuja inscrição se deve ao vigário-geral George
Flachius, foi realizada cinqüenta anos após sua morte, ela diz o
seguinte: "O abade Trithemius, glória da terra germânica, que aqui jaz,
mereceu este monumento. Os admiráveis escritos saídos da sua pena
mostram como foi admirado pelas suas obras e pela sua virtude, como
também o prova a consideração que sempre lhe testemunhou o imperador
Maximiliano. Em vez de mágico, é autor de uma obra contra a magia ( uma
obra pouco conhecida: "O adversário dos Malefícios", publicada em 1555,
muito tempo depois de sua morte). A sua fama não morre e ele vive na
bem-aventurança espiritual do reino dos Céus".
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